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Carola Matarazzo

Carola Matarazzo: Cultura da doação faz falta ao Brasil

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Doar é ter a compreensão de que ampliar a extensão do bem reverbera em todos os níveis da sociedade. Ao possibilitar oportunidades de crescimento e de uma vida mais digna ao maior número de pessoas possível, vê-se diminuição da violência, da miséria, aumento da produtividade e da qualidade do que é produzido em um país. É tudo o que o Brasil precisa.

É divagar demais? Penso que não. Prova disso é a história de um dos maiores filantropos de todos os tempos, o industrial escocês, que fez fortuna nos EUA, Andrew Carnegie (1835-1919), que teria hoje um patrimônio superior a US$ 400 bilhões. Ele doou à filantropia o equivalente a US$ 350 bilhões e deixou um legado de milhares de bibliotecas, além de museus e instituições de ensino. É impossível mensurar os ganhos sociais das ações de Carnegie.

Outro exemplo é o engajamento obtido pelo movimento The Giving Pledge, criado pelo investidor Warren Buffett e pelo fundador da Microsoft, Bill Gates, e sua então esposa, Melinda. São 231 signatários, de 28 países, que se comprometeram em doar, no mínimo, metade de seus patrimônios, em vida. Neste rol estão Elon Musk (homem mais rico do mundo) e Mark Zuckerberg (Facebook).

Em agosto de 2021, chamou atenção o fato de o casal Mariel Reyes e David Vélez, se tornar signatário do The Giving Pledge. Vélez é fundador do Nubank, fintech brasileira que vale US$ 31 bilhões. Antes, em 2015, Susy e Elie Horn se tornaram o primeiro casal brasileiro a fazer parte do movimento. Fundador da construtora Cyrela, Horn se comprometeu a doar até 60% de seus bens para filantropia, repetindo o exemplo familiar.

O pai de Horn doou toda a sua riqueza e o avô materno levantou recursos para construir um orfanato para 3 mil crianças na I Guerra Mundial. Horn atua na difícil cruzada de convencer seus pares a aderirem à cultura de doação. Para tanto, estruturou o Movimento Bem Maior, que apoia mais de 70 projetos sociais em todo país.

Os casais Mariel Reyes e David Vélez; e Suzy e Elie Horn, são os únicos latino-americanos signatários do The Giving Pledge. Em depoimento ao 3º Diálogos do Movimento Bem Maior, disponível no YouTube, eles contam que destinar parte de seus patrimônios à filantropia vem da vontade de proporcionar uma vida melhor aos que não tiveram as mesmas oportunidades, contribuindo para diminuir o fosso das desigualdades sociais.

O Brasil tem grande potencial para elevar o volume de doações. Compreender o alcance da nossa missão social é um dos primeiros passos para tornarmos a filantropia algo recorrente. A pesquisa Doação Brasil 2020 mostrou que no primeiro ano de pandemia as doações chegaram a R$ 10,3 bilhões. Um montante inferior às doações de 2015, quando R$13,7 bilhões foram destinados a filantropia.

Nos EUA, por exemplo, é comum ex-alunos realizarem volumes relevantes de doações para as instituições onde estudaram ou custear bolsas de estudo para jovens carentes. Aqui no Brasil, Horn continua disseminando a importância de doar. Para ele, fazer filantropia é dar valor ao dinheiro. "Não se deve deixar guardado na gaveta, mas usá-lo para fazer o bem para a humanidade", explica.

 

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