Brasil Giving Report 2021: um retrato dos doadores brasileiros durante a pandemia

10 de fevereiro de 2022

Conhecer a cultura de doação de um país é essencial para o amadurecimento da sociedade civil e para o engajamento de atores na filantropia. Qual a importância que as pessoas dão a este tema? Quanto se engajam para o bem comum? Quais as barreiras que impedem a ação? E quais as tendências que nos ajudam a traçar possíveis futuros?

Essas são algumas das perguntas que constantemente tenta-se responder. No IDIS  – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, investimos na realização da Pesquisa Doação Brasil 2020, que mostrou como a longa crise econômica e social que o país atravessa atingiu a população entre 2015 e 2020, tirando muitos da posição de doadores para a dos que necessitam de doação, mas por outro lado, fortalecendo a cultura de doação neste período, com uma maior consciência sobre a importância da doação e uma visão mais positiva das organizações da sociedade civil e seu trabalho.

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Agora apresentamos a quarta edição do Brasil Giving Report – pesquisa promovida pela britânica CAF – Charities Aid Foundation e pelo IDIS, que traça um panorama da doação no Brasil em 2020, porém, em comparação ao ano anterior. Esse é um olhar mais sutil sobre as mudanças ocorridas em um período de doze meses que vai desde um pouco antes da chegada ao país da pandemia de Covid-19 até novembro de 2020.

Para além da esperada queda na prática da doação para organizações da sociedade civil (de 53% para 49%), o Brasil Giving Report 2021 oferece alguns elementos novos, que contribuem ao melhor entendimento da realidade enfrentada pelos cidadãos brasileiros.

O impacto da pandemia na renda familiar foi significativo, com três em cada cinco (60%) respondentes experimentando uma diminuição em seus ganhos e a maioria (84%), preocupada com a segurança de sua própria renda familiar nos próximos seis meses.

O nível de incerteza aumentou e pode ter afetado a generosidade neste período. A pesquisa indica, também, que houve uma ligeira modificação na forma como a população enxerga o resultado do trabalho das organizações sociais. A percepção do impacto positivo, que aumentou entre 2018 e 2019, passando de 72 para 79%, caiu em 2020, atingindo 67 pontos em nível local. A mesma tendência foi evidenciada também em nível nacional e internacional.

Mas a cobrança não é exclusiva sobre o Terceiro Setor. A pandemia colocou em evidência o papel que as empresas desempenham na sociedade. Embora muitas pessoas (53%) concordem que a iniciativa privada apoiou as comunidades brasileiras durante a pandemia, uma proporção maior (73%) acredita que as empresas deveriam ter feito mais.

Em relação ao poder público, existe a percepção de que o governo não apoiou efetivamente a atuação das organizações da sociedade civil durante a crise sanitária. Quatro em cada cinco (80%) concordam que o governo deve colaborar com elas em sua resposta e 77% acreditam que o governo deve oferecer apoio financeiro às OSCs que estão em risco de colapso.

Diante de tanta insatisfação, foi perguntado o que faria com que as pessoas doassem para organizações sociais nos próximos 12 meses. A resposta mais comum foi ter mais dinheiro (49%). Esta tem sido a razão mais citada desde o início da pesquisa em 2017 (59%), mas menos pessoas a selecionam ano após ano. Depois de ter mais dinheiro, o público é motivado por saber com certeza como o dinheiro seria gasto (40%).

Outros fatores que encorajariam doações futuras são mais transparência por parte das organizações beneficiadas (32%) e ser capaz de encontrar uma instituição que trabalhe por uma causa sensibilizadora (26%), mostrando caminhos interessante para a comunicação das OSCs com a sociedade.

Ao que parece, os acontecimentos de 2020 aumentaram as expectativas da população em relação aos vários entes da sociedade e deixaram o doador mais exigente.

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